Depois de um álbum de estreia que conquistou público e crítica na base da insistência e de emplacar hits tardiamente por todo o mundo, Lana Del Rey lançou, enfim, o primeiro single de seu novo álbum no Festival Coachella de 2014.
Ao gravar o trabalho em Nashville e ser produzida por Dan Auerbach, do grupo The Black Keys, muito questionou-se sobre uma potencial perda de identidade pela artista e da fadada maldição do segundo disco, que costuma enterrar incontáveis carreiras de artistas deslumbrados e com pouco preparo.
Ainda que tenha uma sonoridade mais polida que o de costume, a primeira faixa de trabalho do disco “Ultraviolence”, é Lana Del Rey do começo ao fim. As batidas sessentistas hipnotizantes são acompanhadas por uma percussão oitentista e vocais absurdamente bem colocados de maneira ansiosa nos versos líricos e sussurrados nos refrães – uma mistura bombástica que dá muito certo.
A melancolia e os anseios que Lana trazia em suas produções previas seguem constantes em “West Coast”, porém, de forma claramente mais madura: um claro passo à frente em sua carreira. A artista demonstra ter claramente ainda mais segurança em si mesma, se permitindo a lançar como música de trabalho uma canção de rítmica inconstante, com alterações bruscas ocorrendo em cada pré-refrão.
O grande trunfo para toda a confiança da americana é o fato de que ela nunca dependeu do desempenho de seus singles para conseguir vender discos e shows. Sua única musica a ter desempenho significativo nos charts globais foi “Summertime Sadness”, isso, quando o álbum “Born To Die” já era certificado como disco de platina nos principais mercados do globo, como os EUA e Reino Unido. Não são poucos os artistas que sonham com esse tipo de liberdade para suas produções e não conseguem. Lady Gaga é um exemplo claro de quem resolveu lançar aquilo que lhe vinha à mente como arte e que acabou sendo punida pelo próprio público com rejeição.
Para quem surgiu como um nome fútil, de talento questionável, prazo de validade próximo da data de vencimento e carisma quase negativo para sustentar performances ao vivo até poucos meses atrás, até que Lana Del Rey caminha hoje a passos largos para a consolidação definitiva de seu nome no seleto hall de artistas respeitáveis no cenário musical atual.
Lana Del Rey: liberdade até para ser positivamente óbvia.
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